O FICA - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental - é um patrimônio de todos nós goianos, não só da Cidade de Goiás! Com 22 anos de história, desde sua criação pelos saudosos Jaime Sautchuk e Washington Novaes, serviu ao longo dos anos na formação progressiva de uma maior conscientização ambiental, além de projetar enormemente o nome do Estado de Goiás para o Brasil e o mundo e de fomentar o trade turístico nesta Cidade! Por isso, quero aqui saudar a atitude do Governador Ronaldo Caiado pelo carinho com que olha pela nossa eterna Vila Boa! Quero saudar também o secretário César Moura, à frente da Secretaria de Cultura, que costurou habilmente um excelente acordo com o Sesc e a prefeitura da Cidade de Goiás para a retomada do FICA em um modelo híbrido, que deverá acontecer entre 14 e 19 de dezembro, a semana principal de comemorações dos 20 anos do título de patrimônio da humanidade concedido pela Unesco!
Vida a longa a este festival tão importante, que precisa retomar suas bases estruturantes, a saber: o meio ambiente, o cinema e a música, de uma forma mais harmônica. O jornalista Washington Novaes vinha me relatando seu descontentamento com o desequilíbrio entre estas forças do tripé de sustentação do festival. Achava que a música tinha predominado sobre as outras duas, o cinema e o meio ambiente, que deveriam ser o foco principal do FICA. Também relatava que o festival precisava urgentemente ter uma curadoria permanente, que pense as suas subsequentes edições. Por isso Washington deixou escrito, junto com seu filho, João Novaes, o projeto “FICA ainda mais”, um estudo aprofundado sobre os rumos que precisam ser corrigidos no festival para que ele retome toda sua glória e brilho. Apresentamos este projeto, através do Instituto Rizzo, ao secretário César Moura, que parece ver com bons olhos este projeto de reestruturação do festival. Esperamos poder colaborar com a Prefeitura da Cidade de Goiás e com o Sesc, através do presidente Marcelo Baiocchi e de Leopoldo Jardim neste sentido, de implementar este projeto.
Medir a “pegada de carbono” do
próprio Festival é outro passo importante a ser dado, promovendo ações de
mitigação das emissões de carbono do festival ainda durante sua realização, com plantios de árvores e
recuperação de parte das bacias hidrográficas da Cidade de Goiás que estão em
estado calamitoso, diga-se de passagem. Estudos do Lapig (laboratório de
georeferenciamento da Universidade Federal de Goiás) mostram que a Bacia do
Rio Vermelho - assim como seus afluentes- está totalmente degradada e que se
houver uma outra chuva como as de 2001 ou a de 2011, grande parte de nosso
patrimônio histórico pode novamente ir água abaixo!
Temos um outro projeto, que até
mesmo já citei aqui neste espaço, de um Museu da Água de Goiás, sonho antigo
também de Washington Novaes. Um centro de referência em recursos hídricos e de
educação ambiental a ser criado em Goiânia e na Cidade de Goiás. Um espaço que
nos ajude a pensar, planejar e implementar a segurança hídrica de nosso Estado
como um todo. Estudos recentes mostraram que Goiás perdeu 71% de suas
superfícies hídricas nos últimos 35 anos. E também que serão necessários 3,3
bilhões de reais em projetos para garantir segurança hídrica para a população
nos próximos anos. São números alarmantes, que precisam de um centro
aglutinador de planejamento e ação, que pode estar alinhado com as ações do
FICA.
O mais importante é que a Cidade de Goiás passe a ser protagonista no planejamento e na execução do FICA. Que o festival passe a ser feito inteiramente de lá, em uma pareceria entre o Sesc, a Cidade de Goiás, o Governo do Estado e se possível o Instituto Rizzo, visando a implementação e inter-relação dos projetos “ Fica ainda mais” e do Museu da Água de Goiás!
Por: Leonardo Rizzo
